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Abundância, composição e origens do lixo marinho

A caracterização do lixo no ambiente costeiro inclui a determinação da quantidade de lixo arrastado para as praias e/ou depositado no litoral (Abundância), a análise da sua Composição, Distribuição Espacial e, sempre que possível, Origem (identificação das fontes ).

O lixo que flutua nas águas dos mares e oceanos e que é encontrado na coluna de água e nos seus fundos tem origem terrestre e marítima. Muitos dos materiais identificados nos diferentes compartimentos: praias/zonas costeiras, superfície e coluna de água e fundo, durante as campanhas de monitorização permitem identificar ou inferir com significativa precisão a fonte original, sendo por isso usados como indicadores específicos da origem do lixo.

Dos materiais recolhidos e identificados ao longo das várias campanhas nos diferentes locais existem algumas origens que são de fácil identificação uma vez que lhes pode ser atribuída com um grau de confiança elevado uma função clara especifica de um setor económico ou de consumo (p.ex. turismo, pesca, navegação, agricultura, etc.). As redes e cordas podem ser facilmente atribuídas à atividade piscatória assim como as armadilhas para caranguejos/lagostas podem ser atribuídas ao setor da aquacultura. Porém, para muitos dos materiais encontrados não é tão óbvia a ligação direta a uma fonte particular, a um meio de descarte e mesmo a um fluxo de transporte.

Muitos são os métodos que ao longo dos anos têm sido usados para classificar as possíveis fontes dos itens de lixo marinho identificados nos vários compartimentos monitorizados (praia, superfície e coluna de água e fundo).

O programa nacional de monitorização do lixo marinho em praias tem vindo a seguir exclusivamente as orientações da Convenção OSPAR, para a determinação da abundância total (nº de itens de lixo quantificados na secção de 100m da praia), composição (nº de itens de cada tipo e categoria identificados na secção de 100m de praia) e classificação das fontes do macrolixo. A classificação dos itens de lixo identificados durante as campanhas de monitorização para a determinação da abundância total e composição é efetuada com base numa lista suporte construída fundamentalmente a partir da lista OSPAR 100m. A lista OSPAR é composta por 126 tipos de lixo repartidos por 10 categorias (plástico/poliestireno, borracha, vestuário/têxtil, madeira, metal, barro e cerâmica, papel e cartão, vidro, artigos sanitários e artigos médicos). Ao longo dos anos foi-se no entanto, constatando que alguns itens frequentemente identificados são típicos das praias portuguesas e não constam da lista OSPAR, pelo que foi entendido adotar, a partir de 2019, para o programa de monitorização de lixo marinho em praias, uma lista guia complementada com alguns dos itens tipicamente presentes na zona costeira de Portugal. Esta lista contém atualmente contém 139 tipos de lixo e 11 categorias (foi adicionada a categoria: Mistos). 

A atribuição da origem é efetuada com recurso a uma matriz que contém as seguintes fontes e indicadores:

FONTES:

Turismo e atividades recreativas na costa e no mar (inclui gestão de resíduos inadequada), pesca & aquacultura, saneamento, navegação (resíduos operacionais e não operacionais).

INDICADORES:

Turismo e atividades de recreio: Embalagens múltiplas 4/6, sacos de plástico de compras, garrafas e recipientes de plástico e de metal de bebidas, garrafas e recipientes de plástico de comida, garrafas de vidro, sacos de batatas fritas/guloseimas e paus de chupa-chupa, etc.;

Pesca, incluindo aquacultura: Jerry cans, caixas de pesca, linha de pesca, chumbadas, boias, cabos/redes, emaranhado de redes/cordas, armadilhas para caranguejos/lagostas, alcatruzes para polvos, redes para ostras e sacos para mexilhão, etc.;

Saneamento: Preservativos, cotonetes, toalhetes de limpeza/fraldas/pensos, tampões e aplicadores de tampões

Navegação (resíduos não-operacionais, p. ex. cozinha): Caixas de papelão/tetrapaks, latas de aerossóis, latas de comida, grades/caixotes de plástico, garrafas e recipientes de limpeza, etc.;

Navegação (resíduos operacionais): Capacetes de proteção, tiras/bandas para empacotamento, embalagens industriais, paletes de madeira, bidões de óleo, lâmpadas redondas e tubulares, cartuchos de silicone, etc.;

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